O impacto do diagnóstico do câncer de mama pode, imediatamente, despertar medos, ansiedades e possíveis fantasias relacionada à feminilidade, gerando questões como: “meu corpo não será o mesmo”, “vou deixar de ser mulher”, “meu companheiro não irá me desejar”, entre outros pensamentos que angustiam e causam um grande abalo emocional e psicológico.
Entre as mulheres, o câncer de mama é o segundo tumor maligno com maior incidência, porém é um tipo de câncer que possui grande possibilidade de cura. Para as mulheres, a mama tem um valor simbólico relacionado à identidade corporal feminina e está associada tanto à sensualidade quanto à maternidade.
Quando o tratamento é cirúrgico e há a necessidade da retirada da mama, é possível gerar um forte sentimento de castração e perda da identidade feminina. Outra perda significativa é a queda do cabelo, que também pode provocar impacto na autoestima.
Como Psico-Oncologista, acompanho diversas mulheres desde o recebimento do diagnóstico, passando por tratamento e pelo pós-tratamento. Percebo que o diagnóstico precoce com tratamento médico aliado ao tratamento psicológico, auxilia consideravelmente na transformação desta realidade de perdas. Observo inúmeros casos onde o câncer de mama foi um gatilho para o despertar de uma nova consciência e para o ganho de uma nova vida.
No artigo “Perdas e ganhos: compreendendo as repercussões psicológicas do tratamento do câncer de mama” os autores Vanessa Souza Santana e Rodrigo Sanches Peres (Universidade Federal de Uberlândia), ressaltam que algumas mulheres podem vivenciar o tratamento como uma experiência de renovação, implicando ganhos significativos, tais como a adoção de um estilo de vida mais saudável e a intensificação do engajamento em práticas religiosas, que são capazes de nos fortalecer para enfrentar essas adversidades.
Dra. Adriana Dorgan
Psicóloga Clínica, Especialista em Psicologia da Saúde, Psico-Oncologista e Psicoterapeuta Transpessoal Integrativa