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O perfeito desenvolvimento físico do bebê ao longo dos 9 meses de gestação depende de diversos fatores: alguns intrínsecos ao feto e determinados pelas características genéticas, outros ligados aos estímulos ambientais relacionados, neste caso, à saúde e ao estilo de vida materno. Mas o desenvolvimento das características emocionais, inteligência e traços de personalidade podem estar mais atrelados a este período do que se imaginava. Cada vez mais estudos apontam que essas características já começam a ser estabelecidas dentro do útero, por meio da relação afetiva entre mães e filhos.

Desde o início da gestação, o embrião já tem contato com os hormônios que traduzem as expressões de humor da mãe. Ao final da segunda semana de gestação já se estabelece uma circulação uteroplacentária primitiva. Desta forma, sentimentos de amor e felicidade irão liberar na circulação materna hormônios que chegarão ao feto pelo cordão umbilical com a capacidade de promover sensações de prazer e bem-estar. Da mesma maneira, sentimentos de raiva, medo, rejeição e frustração são “sentidos” desde o início pelo ser em formação.

Como nesta fase as células estão em ritmo frenético de replicação para formação dos órgãos, imagina-se que o sistema nervoso primitivo possa ser moldado de acordo com as sensações que o feto experimenta na vida intrauterina, como se as sensações vivenciadas pela mãe imprimissem nessas células características que o futuro bebê carregará por toda a vida.

Mas não se trata apenas de sinalizações químicas relacionadas aos sentimentos maternos.  Depois do quarto mês de gravidez, o feto já reage aos sons e ao tato, o que estreita ainda mais o vínculo afetivo com a mãe, aos seis meses o bebê já tem os sentidos bem desenvolvidos, percebe diferenças de claridade e demonstra preferências por determinados tipos de sons. O olfato e o tato também estão mais apurados, o feto já brinca, faz careta, sorri, dorme, sonha e se espreguiça.

Hoje, por meio de sofisticados exames de imagem, podemos perceber reações dos futuros bebês aos diferentes tipos de estímulos. Eles reagem de forma distinta caso sejam expostos à música calma ou agitada, se a mãe come doce ou algum alimento amargo, se existe afago na barriga ou falta de toque. Ao nascimento, já conseguem distinguir no meio de tantos sons qual é a voz materna, bem como reconhecer as vozes que mais foram ouvidas durante a permanência no útero.

O estudo do psiquismo fetal tenta demonstrar que, após o nascimento, os bebês reproduzem diversas características comportamentais e emocionais adquiridas dentro do útero. Algumas observações mostram que bebês que foram expostos a determinados ritmos e danças demonstram preferência pelos mesmos ritmos após o nascimento. O reconhecimento do idioma materno também já foi constatado. Preferências por determinadas posições são bem claras nas relações de afetividade de gêmeos univitelinos após o parto. Bebês que foram expostos a ambientes de grande estresse durante a vida intrauterina têm mais chances de se tornarem crianças introspectivas ou agressivas após o nascimento.

É claro que nenhuma grávida consegue manter todo o período de gestação sem passar por momentos dolorosos, de estresse ou frustração. Porém, acredita-se que a relação de carinho a ser estabelecida com o filho após esses momentos, seja por meio de uma conversa serena, um afago na barriga, uma música relaxante, por exemplo, é determinante para o entendimento do bebê de que ele estará amparado mesmo após as adversidades que possa vivenciar.

Assim, os fatores determinantes na formação física e emocional de qualquer indivíduo dependem tanto das características inatas quanto dos estímulos ambientais. Cada vez mais, fica demostrada a grande importância dos estímulos positivos nas relações com o futuro bebê, desde o momento da concepção. Acredita-se que bebês expostos a um ambiente de amor, com interação dos pais desde o início, tendem a se tornar crianças mais seguras e confiantes no futuro.

Dra. Mariana Lima

Ginecologista e Obstetra da Clínica Genesis

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